Notas do barista – Provando café – parte 1 

Primeira parte do texto sobre prova de e classificação de cafés especiais

Puxado pelo gancho do texto anterior, eu gostaria de explicar o porque provamos café pelo protocolo de cupping, tanto para decisão de compra como para definição de perfis de torra. 

Eu poderia descrever o processo aqui, mas é mais interessante deixar o link com passo a passo e explicar de forma conceitual o propósito disso.  
Link para o protocolo: https://sca.coffee/research/protocols-best-practices

O cupping é a metodologia mais utilizada por provadores pelo mundo para se avaliar cafés especiais, além dos critérios técnicos gustativos que ela contempla ela serve para “calibrar”  os provadores. Isso se dá da seguinte forma: O CQI ( coffee quality institute) atua como um regulador, promovendo a metodologia e emitindo certificados de Q-grades para provadores que se mostram capacitados e aptos a passarem numa série de provas práticas e teóricas sobre café. Além de certificados de Q-grader, o CQI também aplica cursos na área de pós colheita, cafés robustas etc… 

Após o provador se mostrar apto a passar nas provas o mesmo como Q-grader pode emitir laudos sobre o café, esses laudos são como um veredito para a qualidade do café recebendo uma pontuação de 0 a 100. Um café é considerado especial a partir dos 80 pontos, as notas são dadas em decimais de 0,25 ou seja, um café pode ter 80,25 ou 87,75 pontos por exemplo. 

mesa de cupping
Mesa de cupping, antes da hidratação com água

Mas, para que serve exatamente essa pontuação? você pode estar se perguntando.

A primeira coisa está relacionada ao valor, basicamente quanto maior a pontuação, maior o preço.(claro que há exceções  e desvios de regras) 
Além do fator financeiro existem outras camadas. Um pouco antes no texto eu disse que a metodologia ajuda a calibrar provadores, isso significa que todo café avaliado por diferentes provadores não pode ter 2 pontos para mais ou menos de diferença. Para ficar mais claro, imaginamos que um produtor classifique um lote que será exportado em 85,75 pontos e existe um comprador no Japão interessado no mesmo. Esse comprador no Japão também foi treinado e é certificado pelo CQI, ou seja estamos usando a mesma metodologia, dito isso ele provará este lote e emitirá o seu laudo(pontuação). É esperado que as pontuações sejam semelhantes(respeitando a margem de dois pontos para cima ou dois pontos para baixo), Caso ocorra como esperado o negócio pode ser encaminhado. 
É necessário honestidade no processo, pois existem fatores subjetivos na avaliação, afinal estamos falando de pessoas provando cafés. Por conta disso há muita rigor no processo e na formação de provadores ( Q-grader), que são obrigados a passarem por recalibragem de tempos em tempos. 

Dito tudo isso, toda vez que recebemos amostras de cafés esse passo a passo é seguido, afinal é fundamental fazer boas compras, pois esses cafés passarão quase um ano conosco.

O protocolo de prova continua sendo usado constantemente em outros momentos, mas isso fica para a continuação do texto. 

Abraços 

André Sanchez 

Este post tem 2 comentários

  1. Marcelo Ribeiro

    Grato pelas explicações e informações sobre o processo de prova.
    Percebemos este cuidado nas notáveis xícaras dos cafés que vocês vendem, proporcionando experiências únicas para os clientes!

    1. Café Mono

      Muito obrigado, Marcelo! Ficamos felizes demais com esse feedback 🙂

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